O fogão a lenha ainda é um equipamento de cozinha indispensável nas casas das pessoas que hoje estão na condição de semi-idosas ou já inclusas. Principalmente nas de quem não reside em apartamentos.
Os fogões, aqueles esmaltados brancos com estampas de flores bem coloridas, bem tradicionais, das margas Geral, Marumby, Wallig ou Venax, estiveram presentes na história de nossas famílias. Deles, tenho belas lembranças, principalmente da casa de minha madrinha Raquel, no Leãozinho, ou da Nona Baretta, na Linha Bonita, em minha casa e nas das tias, no antigo Rio Capinzal. As panelas grandes, de alumínio, fervendo o leite, ou no preparo do arroz quebradinho ou da macarronada. As de ferro, para o cozimento do feijão e as carnes. A polenteira, pesada, presente também. Algumas famílias tinham uma composição tão numerosa que precisavam de duas dessas polentas no almoço para saciar a fome após a lida da manhã. Os queijos, os salames, as copas, as bacias de saladas, principalmente os radicci.
Um grande caixão para a lenha, com tampa, situado atrás do fogão, onde as crianças gostavam de ficar para manterem-se aquecidas nas frientas manhã de nossos invernos. Era disputado, mas os pais o reservavam sempre para os mais pequenos. E, de vez em quando, um susto, quando o vapor da água elevava a tampa da panela e, em gotas caía sobre a chapa muitas vezes avermelhadas pelo calor...
Minha mãe conservou um até o final de sua vida. Nós, aqui em casa, também tivemos o nosso, mas já abolido desde que as crianças cresceram. Porém, o que me faz retornar a ele não é a sua utilidade como o principal componente da cozinha, em tempos que as pessoas não tinham geladeiras e nem fogões a gás.
Lembro dos arames esticados atrás dos fogões, fixados com pregos na parede angular, de madeira. E ali penduravam os uniformes para que secassem e as crianças pudessem ir para a escola devidamente paramentadas. Outras vezes, punham dois pedaços de lenha no forninho e sobre eles um par de calçados, para que secasse e no outro dia pudessem ser usados...
E há até lembranças que me fazem rir: uma vez minha irmã Iradi, professora na escola em Linha Pocinhos, colocou uma gravura de uma cozinha no quadro-negro. Estava ensinando os alunos a fazerem uma descrição. E, uma aluninha, hoje uma respeitável senhora, escreveu: "Atrás da bunda da moça tem o fogão". Nada mal se os malandros não tivessem apelidado de "fogão" o traseiro dos homens.
Também histórias muito tristes foram protagonizadas diante desse histórico equipamento, com pessoas levando queimaduras que as marcaram ou que lhes tiraram a vida...
O fogão a lenha é um objeto que está caindo em desuso, gradativamente. Mas há muita gente herdando o costume de tê-lo e vão continuar utilizando-o. Alguns já substituíram a lenha por um dispositivo a gás que aquece a chapa. Mas, aquele brilho saindo da porta do fogão, ou aquele cheirinho da cinza da gavetinha sob a grade da combustão das lenhas, nunca será esquecido.
Não importava para as crianças se suas roupas ficassem impregnadas de odores de fumaça ou de frituras. Quem ligava para isso? O importante era não passar frio e no outro dia ir para a escola de uniforme e com calçados secos. Além disso, no inverso, tomar mate doce e comer aquele pinhão delicioso cozido sobre a chapa aquecida. E, todos sabemos, a comida que a mamãe ou a nona fizeram nos fogão a lenha era muito mais gostosa, não era?
E o seu, era de que marca? De que cor? Tinha flores estampadas? Como era o caixão da lenha? Qual a marca: Geral? Marumby? Wallig? Venax?
Você pode ter esquecido da marca, mas não esqueceu, certamente, das roupas penduradas atrás dele...
Euclides Riquetti
Os fogões, aqueles esmaltados brancos com estampas de flores bem coloridas, bem tradicionais, das margas Geral, Marumby, Wallig ou Venax, estiveram presentes na história de nossas famílias. Deles, tenho belas lembranças, principalmente da casa de minha madrinha Raquel, no Leãozinho, ou da Nona Baretta, na Linha Bonita, em minha casa e nas das tias, no antigo Rio Capinzal. As panelas grandes, de alumínio, fervendo o leite, ou no preparo do arroz quebradinho ou da macarronada. As de ferro, para o cozimento do feijão e as carnes. A polenteira, pesada, presente também. Algumas famílias tinham uma composição tão numerosa que precisavam de duas dessas polentas no almoço para saciar a fome após a lida da manhã. Os queijos, os salames, as copas, as bacias de saladas, principalmente os radicci.
Um grande caixão para a lenha, com tampa, situado atrás do fogão, onde as crianças gostavam de ficar para manterem-se aquecidas nas frientas manhã de nossos invernos. Era disputado, mas os pais o reservavam sempre para os mais pequenos. E, de vez em quando, um susto, quando o vapor da água elevava a tampa da panela e, em gotas caía sobre a chapa muitas vezes avermelhadas pelo calor...
Minha mãe conservou um até o final de sua vida. Nós, aqui em casa, também tivemos o nosso, mas já abolido desde que as crianças cresceram. Porém, o que me faz retornar a ele não é a sua utilidade como o principal componente da cozinha, em tempos que as pessoas não tinham geladeiras e nem fogões a gás.
Lembro dos arames esticados atrás dos fogões, fixados com pregos na parede angular, de madeira. E ali penduravam os uniformes para que secassem e as crianças pudessem ir para a escola devidamente paramentadas. Outras vezes, punham dois pedaços de lenha no forninho e sobre eles um par de calçados, para que secasse e no outro dia pudessem ser usados...
E há até lembranças que me fazem rir: uma vez minha irmã Iradi, professora na escola em Linha Pocinhos, colocou uma gravura de uma cozinha no quadro-negro. Estava ensinando os alunos a fazerem uma descrição. E, uma aluninha, hoje uma respeitável senhora, escreveu: "Atrás da bunda da moça tem o fogão". Nada mal se os malandros não tivessem apelidado de "fogão" o traseiro dos homens.
Também histórias muito tristes foram protagonizadas diante desse histórico equipamento, com pessoas levando queimaduras que as marcaram ou que lhes tiraram a vida...
O fogão a lenha é um objeto que está caindo em desuso, gradativamente. Mas há muita gente herdando o costume de tê-lo e vão continuar utilizando-o. Alguns já substituíram a lenha por um dispositivo a gás que aquece a chapa. Mas, aquele brilho saindo da porta do fogão, ou aquele cheirinho da cinza da gavetinha sob a grade da combustão das lenhas, nunca será esquecido.
Não importava para as crianças se suas roupas ficassem impregnadas de odores de fumaça ou de frituras. Quem ligava para isso? O importante era não passar frio e no outro dia ir para a escola de uniforme e com calçados secos. Além disso, no inverso, tomar mate doce e comer aquele pinhão delicioso cozido sobre a chapa aquecida. E, todos sabemos, a comida que a mamãe ou a nona fizeram nos fogão a lenha era muito mais gostosa, não era?
E o seu, era de que marca? De que cor? Tinha flores estampadas? Como era o caixão da lenha? Qual a marca: Geral? Marumby? Wallig? Venax?
Você pode ter esquecido da marca, mas não esqueceu, certamente, das roupas penduradas atrás dele...
Euclides Riquetti
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