Minha Homenagem à minha mãe Dorvalina Adélia Baretta Riquetti (Richetti), falecida em 11 de janeiro de 2000.
Algumas noninhas de Rio Capinzal voltaram à Terra. Ganharam uma licença de São Pedro, obtida por merecimento. Foram boas mães, boas esposas, boas avós. Foram lá pra cima faz um bom tempo, algumas há seis, oito, dez, até quarenta anos atrás. Subiram logo no início do novo Milênio, como é o caso de Dona Dorvalina Adélia, mãe deste escriba. Lá, ela havia recepcionado algumas amigas e prometera que, por bom comportamento, reivindicariam uns dias de passeio no antigo Rio Capinzal e no Abelardo Luz, que virou o município de Ouro.Uma saída de Natal, ou de Fim de Ano, como queiram!
Saint Peter se propôs a atender a reivindicação das noninhas, mas precisava consultar sua assessoria jurídica para ver se havia uma brecha na Lei. Afinal, "nunca antes aqui no céu", surgiu questão semelhante. Pesquisaram muito e a brecha encontrada na Lei foi um "Indulto de Natal", ou uma saída temporária. Todas ficaram indignadas pela maneira que seriam liberadas a virem à vida terrena por uns dias.Afinal, nunca cometeram nenhum crime! Mas etenderam que a única maneira Constitucional de terem sua saída temporária seria com um ato unilateral, daquele que detém a chave do céu. O indulto seria um perdão permanente, mas não se aplicava ao caso de todas, pois seria apenas uma saída temporária, como teve aquele ator do filme "Ghost", que namorava a Demi Moore e foi pro céu.
No caminho de saída , encontraram a Hebe Camargo, que estava entrevistando a Vanusa e a Elis Regina. Elas não foram da geração dessas e nem deram bola, foram adiante. Viram um tal de Raul Seixas curtindo um "base". Dona Ruth Cardoso, amiga da Hebe, estava lá fazendo caridade entre os mais humildes, com a ajuda da Doutora Zilda Arns, que preparava uma multimistura de patroa!
Uns maluquinhos ofereceram carona, eram os Mamonas Assassinas, que já levam no seu big teco-teco o João Paulo, amigo do Daniel, e o Leandro, irmão do Leonardo. Tinham sito beneficiados pela saída de fim de ano e deixaram o seu alojamento à disposição de uma recentemente chegada, uma tal de Marília Mendonça, de quem as noninhas nunca haviam ouvido falar.
A mais antiga, Dorvalina, ciceroneava a Iracema (Mázera), a Ivani (Dal Cortivo) e a Clorinda (Casara), todas elas Barettas "de casa", como dizem as italians. O tecão-tecão estava lotando e tinham medo de que caíssem. Não por correrem risco de morte, pois isso era impossível de acontecer, pois, cada uma em seu tempo, já tinham passado por isso. Mas não queriam perder a oportunidade de voltar a andar pelas ruas de sua cidade.
Os Mamonas fizeram um pouso no campo do Arabutã, na antiga Siap. Ali já havia outras que tinham descido antes: Maria Lcietti Richetti, Joana Dambrós Riquetti, Ézide Miqueloto, Doralina Proner Dambrós, Santina Póggere, Iracema Bazzo, Dozolina Casagrande, a mãe da Elza e da Edi Montanari, a mãe do Vilmar e da Vera Adami,Dona Diomira Sartori Boff, parteira, a Neli Lancini Andrioni, Dona Mirian Doin, Dona Elza Colombo, as irmãs Margherita e Marietina (Richetti) Baretta, a Terezinha Molin, Dona Ilda Miqueloto, Serafina Andrioni, a Iolanda Dambrós, a Delfa Maliska e outras. Umas que foram durante a pandemia, como a Elívia Dambrós Andreoni, Amélia Perotoni Baretta, Edviges Bazzo Baretta, Dona Ilda Caldart, a Alzira Calliari e a Corina Richetti, não tiveram a licença firmada, talvez porque foram ao céu mais recentemente. Mas não faltará oportunidade para elas também.
O administrador dos céus apenas impôs uma restrição: Não poderiam ter nenhum contado com seus parentes, apenas elas poderiam ficar andando, a pé, pelas ruas das cidades irmãs, relembrando causaos antigos e rezando. Também poderiam visitar os lugares onde estavam sepultadas.
Dois dias antes do Natal de 2021, elas circularam pelas ruas, algumas se surpreenderam porque em vez do calçamento com paralelepípedos, as ruas estão asfaltadas, inclusive a que leva ao cemitério de Ouro. A que leva ao cemitério de Capinzal está sendo revitalizada, deixando de ter calçamento para ganhar camada asfáltica.
Mas, o que mais as deixou atônitas foi ver que, agora, as pessoas não precisam mais ir até a telefônica para telefonar, elas carregam nas mãos o seu próprio telefone, um aparelho sofisticado, com um vidro preto na frente. Conseguem falar e ver as pessoas com quem estão conversando. Até algumas delas, as que partiram primeiro, duvidarram daquilo. Não é pra menos, pois o Pedro Lima também uma vez me disse que não acreditava que o homem já tinho ido até a lua. Mas isso não me surpreende, pois ainda há quem diga que a vacina da Covid mata...
Ouviram muitas pessoass conversando, embora esstas não as pudessem ver. Diziam que havia seca no Sul e enchentes na Bahia e em Minas Gerais. Isso não as surpreendeu, pois é assim desde os tempos que elas eram meninas. Só que antigamente a chuva caía mais espaçada, não tudo de uma vez, como agora.
Também ficaram muito surpresas em ver que a maioria das pessoas usava máscaras no rosto. Ouviram dizer que era para se proteger contra um tal de Coronavírus, que é bastante letal. O medo do momento é que uma variante deste, a Ômicron, atinja muitas pessoas, até as crianças, pois se propaga muito rápido, embora seja menos agressivo do que as variantes Delta e Gama, já conhecidas.
Quase não acreditaram que o Vasco e o Cruzeiro vão disputar, de novo, a série B do Campeonato Brasileiro de Futebol, e que o Grêmio, de Porto Alegre, foi rebaixado, de novo, para este ano. Mas o que mais as surpreendeu foi umas coisas que leram na vitrine de uma loja de roupas: 70% OFF. Não entenderam nada. Mas Dorvalina se comprometeu a falar com o Cride, que foi professor de Inglês no Zortéa, em Capinzal e no Sílvio Santos. Também em União da Vitporia e Porto União. Ele certamente que saberá informar. Mas como falar com ele, se pessoas do céu não podem ser vistas ou ouvidas por terrenas?
Não me será possível contar, aqui, tudo o que ela viram e sentiram. Mas, dependendo do interesse geral, de repente que escrevo a continuação dessa história. Afinal, elas ganharam permissão de ficar aqui até o Dia de Reis.
Euclides (Celito) Riquetti - poeta e cronista
17-01-2022
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Excelente imaginação! Gostaria muito de ler a continuação...
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