Pedras são teimosas por natureza. Quem já não deu uma topada numa delas?! Ah, coitado do dedão do pé! São tão teimosas, que insistem em ficar no caminho das pessoas. Ou defronte ao seu olhar... Duvido que você, leitor, leitora, também não tenha uma história com pedras para lembrar.
Pois eu lembro das pedras das taipas. No Leãozinho, onde nasci, e em Linha Bonita, onde morei um pouco de minha infância, lá na antiga Rio Capinzal, as taipas serpenteavam-se nos morros, feitas pelos descendentes de italianos que vieram da Serra Gaúcha. Também pelos "lageanos", que vinham da região dos Campos de Lages. O professor Cornélio Marcon refere-se, em seu livro, sobre as taipas da propriedade de sua família, ali entre o Novo Porto Alegre, o Leãozinho, São Pedro e Nossa Senhora das Graças, que são compreendidas nos territórios atuais de Ouro e Lacerdópolis.
Mas têm as rodas dos moinhos nas minhas lembranças: Da Família Moresco, em Novo Porto Alegre; do Viganó, em Linha São Paulo; Do Antônio Biarzi e depois do Ivo Broll, em Linha Vitória, dos Lago, em Santa Lúcia; do Clementino Toscan, que pertenceu aos Penso, em Nossa Senhora da Saúde; dos Rempel, no Pinheiro Baixo; do Zitro Brum, na Linha Carmelinda; do Clemente Vidi (que incendiou quando eu era criança) e depois do Tonial, em Linha Bonita; dos Casagrande e depois do Fiorindo Bernardi, dos Costenaro, do Valdir Bonato e, por último, do Moresco e do João Luiz Beviláqua, no Parque e Jardim Ouro. Na Linha Dambrós o mais antigo, fora construído por eles junto a um núcleo de empreendimentos que comportava fábrica de cadeiras, açúcar mascavo, melado, cachaça e outros produtos de primeira necessidade para as três primeiras décadas da colonização de nosso antigo "Distrito de Abelardo Luz". E outros mais, todos com muita importância para os antigos colonizadores.
Depois as pedras da Barragem no Rio do Peixe, que até hoje estão ali, entre as cidades de Ouro e Capinzal, bem como das obras de artes correntes da Estrada de Ferro.
Pois tenho uma história que aconteceu comigo na minha campanha a Prefeito, em 1988: Fui pedir votos no Bairro Nossa Senhora dos Navegantes e lá havia um casal de amigos com quem em me dava muito bem. Eu chamava o cara de "Kiko", porque ele era muito parecido com meu cunhado Anilton Carmignan, de saudosa memória. A filha deles, uma bel menina, era minha aluna. Ele me mostrou uma pedra enorme que estava depositada no meio do leito da rua. Coisa de mais de 30 toneladas. (Pedras pesam, sabe??!!). Disse-me que aquela pedra estava ali há tempos e que não conseguiam retirá-la, pois era muito pesada e não havia máquina com potência suficiente para fazerem isso. E que só votaria em quem tivesse uma ideia convincente de como faria para remover ela dali. Detonar, impossível, pois detonariam também as casas com a explosão!
Olhei para ele, abri um sorriso e pensei: "Levo os votos!" E me lembrei de uma história que o taxista Santo Sartor me contou: "Lá em Capinzal, no Bairro São Luiz, uma pessoa tinha terra de uma escavação para ser levada embora, mas não podia pagar frete. Alguém lhe disse: "Faça um buraco e enterre a terra"! O homem ficou pensativo e julgou que podia fazer isso. Mas depois lembrou-se "O que fazer com a terra produzida para fazer o buraco?"
Pois eu apresentei a solução na hora: "É só fazer um buraco grande no meio da rua, enterrar a pedra e levar a terra embora com a caçamba"! O cidadão me deu parabéns pela ideia criativa e me garantiu os votos.
Depois de ganhar a eleição e tomar posse como Prefeito, chamei o Secretário Ademar Zóccoli e o Diretor de Obras, Amantino Garcia dos Anjos, e pedi que fizessem o serviço lá. O Ade tinha muita experiência nessas coisas, foi lá e, com alguns furos e um pouco de pólvora, sem usar bananas de dinamite, partiu-a em diversos pedações de tamanho suficiente para serem carregados na pá carregadeira e transportados pela caçamba. Nem foi preciso fazer o buraco e enterrá-la...
Sem muita força, nem muito esforço, é possível resolver muitas coisas, não acham?!
Euclides Riquetti
Pois eu lembro das pedras das taipas. No Leãozinho, onde nasci, e em Linha Bonita, onde morei um pouco de minha infância, lá na antiga Rio Capinzal, as taipas serpenteavam-se nos morros, feitas pelos descendentes de italianos que vieram da Serra Gaúcha. Também pelos "lageanos", que vinham da região dos Campos de Lages. O professor Cornélio Marcon refere-se, em seu livro, sobre as taipas da propriedade de sua família, ali entre o Novo Porto Alegre, o Leãozinho, São Pedro e Nossa Senhora das Graças, que são compreendidas nos territórios atuais de Ouro e Lacerdópolis.
Mas têm as rodas dos moinhos nas minhas lembranças: Da Família Moresco, em Novo Porto Alegre; do Viganó, em Linha São Paulo; Do Antônio Biarzi e depois do Ivo Broll, em Linha Vitória, dos Lago, em Santa Lúcia; do Clementino Toscan, que pertenceu aos Penso, em Nossa Senhora da Saúde; dos Rempel, no Pinheiro Baixo; do Zitro Brum, na Linha Carmelinda; do Clemente Vidi (que incendiou quando eu era criança) e depois do Tonial, em Linha Bonita; dos Casagrande e depois do Fiorindo Bernardi, dos Costenaro, do Valdir Bonato e, por último, do Moresco e do João Luiz Beviláqua, no Parque e Jardim Ouro. Na Linha Dambrós o mais antigo, fora construído por eles junto a um núcleo de empreendimentos que comportava fábrica de cadeiras, açúcar mascavo, melado, cachaça e outros produtos de primeira necessidade para as três primeiras décadas da colonização de nosso antigo "Distrito de Abelardo Luz". E outros mais, todos com muita importância para os antigos colonizadores.
Depois as pedras da Barragem no Rio do Peixe, que até hoje estão ali, entre as cidades de Ouro e Capinzal, bem como das obras de artes correntes da Estrada de Ferro.
Pois tenho uma história que aconteceu comigo na minha campanha a Prefeito, em 1988: Fui pedir votos no Bairro Nossa Senhora dos Navegantes e lá havia um casal de amigos com quem em me dava muito bem. Eu chamava o cara de "Kiko", porque ele era muito parecido com meu cunhado Anilton Carmignan, de saudosa memória. A filha deles, uma bel menina, era minha aluna. Ele me mostrou uma pedra enorme que estava depositada no meio do leito da rua. Coisa de mais de 30 toneladas. (Pedras pesam, sabe??!!). Disse-me que aquela pedra estava ali há tempos e que não conseguiam retirá-la, pois era muito pesada e não havia máquina com potência suficiente para fazerem isso. E que só votaria em quem tivesse uma ideia convincente de como faria para remover ela dali. Detonar, impossível, pois detonariam também as casas com a explosão!
Olhei para ele, abri um sorriso e pensei: "Levo os votos!" E me lembrei de uma história que o taxista Santo Sartor me contou: "Lá em Capinzal, no Bairro São Luiz, uma pessoa tinha terra de uma escavação para ser levada embora, mas não podia pagar frete. Alguém lhe disse: "Faça um buraco e enterre a terra"! O homem ficou pensativo e julgou que podia fazer isso. Mas depois lembrou-se "O que fazer com a terra produzida para fazer o buraco?"
Pois eu apresentei a solução na hora: "É só fazer um buraco grande no meio da rua, enterrar a pedra e levar a terra embora com a caçamba"! O cidadão me deu parabéns pela ideia criativa e me garantiu os votos.
Depois de ganhar a eleição e tomar posse como Prefeito, chamei o Secretário Ademar Zóccoli e o Diretor de Obras, Amantino Garcia dos Anjos, e pedi que fizessem o serviço lá. O Ade tinha muita experiência nessas coisas, foi lá e, com alguns furos e um pouco de pólvora, sem usar bananas de dinamite, partiu-a em diversos pedações de tamanho suficiente para serem carregados na pá carregadeira e transportados pela caçamba. Nem foi preciso fazer o buraco e enterrá-la...
Sem muita força, nem muito esforço, é possível resolver muitas coisas, não acham?!
Euclides Riquetti
Essa coisa de empilhar pedras, fazer taipas é ancestral no homem. Tratá-se, antes de tudo, de sua segurança, sua sobrevivência já que a pedra foi praticamente um dos primeiros materiais utilizado para fazer suas casas, pontes, barragens e muros de proteção.
ResponderExcluirOs italianos, nossos ancestrais sempre empilharam "sassi" e artisticamente. Ao chegarem aqui continuaram...
Me lembro, quando trabalhava, muitas vezes usei como metáfora em reuniões a pedra e o taipeiro e digo por quê: Empilhar pedras significa para mim, organizar ideias, transformando o caos em harmonia.
Ainda hoje, em meu sitio, tenho muito prazer em empilhá-las - primeiro, porque protegem e depois porque evitam as tropeçadas como você disse.
Gosto tanto das pedras como de meus livros e as tenho junto para escorá-los.