A vida humana está banalizada, pouco tem
valido ultimamente, em especial no presente milênio. A toda hora você vê e ouve
as barbaridades que acontecem com o ser humano. Assassinatos por motivos
fúteis, relacionamentos entre seres incompatíveis e que se tornam tragédias,
gente que é capaz de se promover para aparecer e tentar a notoriedade.
Afora isso, vemos as grandes diferenças
entre as classes sociais, vemos a facilidade com que alguns “bem promovidos”
ganham muito dinheiro (e desperdiçam), enquanto outros precisam matar um leão
por dia para sustentarem suas famílias.
Consideremos a facilidade com que a fama
coloca dinheiro no bolso de alguns jogadores de futebol e uns
pseudo artistas. Cabelos coloridos ou com cortes exageradamente “criativos”,
roupas estravagantes, chuteiras ou tênis multicoloridos, joias penduradas no
corpo, metais no nariz e nos beiços, uma imagem composta para iludir os
incautos.
Como “é bobo quem quer”, precisamos
tentar mostrar aos nossos pequenos, sejam filhos, netos ou sobrinhos, quais são
as futilidades e quais as coisas sérias, o que garante a continuidade da vida e
o que é modismo ou encheção de saco, como cuidar-se diante das adversidades e
das armadilhas provocadas pelo ser humano que pouco respeita a vida do outro. Há
um mundo real e um mundo virtual. Ambos são perigosos e precisamos no situar em
condição de espreita. E, quem acredita em Deus, rezar! Vivemos a vida em campo
minado e areia movediça!
Acompanho a situação de muitos artistas do
cinema e da tv que passaram dos setenta. O charme e a elegância continuam, há
uma beleza na profundidade do olhar, a inteligência e o talento sempre
presentes. Mas foram sendo substituídos por rostinhos bonitos, gente sem
conteúdo... (E quem ainda se importa com conteúdo?). Algumas dessas pessoas
estão entre as que me leem, que me seguem, que compreendem o que escrevo, que
curtem meus poemas e se manifestam positivamente sobre meus escritos. Pesquise,
leitor, sobre o retiro dos artistas, do Rio de Janeiro, veja quem está morando
lá no fim da vida, olhe bem para as fotos atuais deles, lembre das alegrias que
já lhe trouxeram e veja que, como a nossa, a vida deles também está passando.
A vida é fugaz, efêmera, é o sopro, a
vela que se apagará, a chama enfraquecida. E, diante desta realidade, o que
podemos deixar para os que nos sucederem? Teremos quem dará continuidade aos
nossos projetos, à possibilidade de realização de nossos sonhos? Deixaremos que
legado? O que ficará de nós para que sirva, de alguma forma, para melhorar as
gerações futuras?
A perda de amigos – Recentemente, perdi
quatro amigos em Ouro. Cada um com sua história, cada um me deixou alguma
lição, um exemplo: Ozires D ´Agostini, 93 anos, empresário aposentado bem
sucedido, político, vereador pelo Município de Capinzal na década de 1960,
deixou uma família bonita, bom patrimônio imobiliário, mas, sobretudo, exemplos
de dignidade. Nízio Dal Pivo, agricultor, craque do futebol na juventude, 88
anos, grande líder comunitário, ex vereador, uma pessoa do bem. Família bem
estruturada, perdeu um filho e um neto prematuramente, mas manteve a postura
sóbria e foi otimista com relação à vida. Nelson da Silva, o Nelsinho,
paraplégico há três décadas, sustentou a si e à esposa com trabalho, mesmo que
com sua limitação física, empresando grupos musicais, não dependendo de nenhuma
espécie de bolsa de governo. Celso Masson, agricultor aposentado, teve mal súbito no dia de seu aniversário e
faleceu. Um ser que se orgulhava da família, que fez o melhor para a esposa e
os filhos, um professor e outro empresário, agora vivia na área central da
cidade.
Falei de quatro pessoas que tinham algo
em comum: mantiveram o respeito às suas famílias, trabalharam, construíram seu
patrimônio, deixaram bem posicionados e orientados os que ficaram. Tinham sua
religião, sua família, fizeram o bem e respeitaram o semelhante. Se o mundo
fosse povoado por pessoas como eles, e outros que você, leitora, leitora, bem
conheceu e admirou, certamente que não teríamos toda a bandidagem que ocasiona
a violência. Nem seríamos os iludidos pelos “famosos”, que só ajudam a levar o
que é nosso e nos devolvem apenas a ilusão.
Euclides Riquetti –
Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com
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