O tempo corre
célere e as datas das convenções dos partidos para escolher seus candidatos a
Prefeito, Vice e Vereadores se aproximam. As conversas de bastidores estão
ativas e as especulações nas ruas, por quem gosta um pouco de política,
acontecem direto. Tenho conversado com pessoas envolvidas diretamente nos
partidos e com eleitores comuns, aqueles que não militam por candidatos, mas
que gostam do assunto e têm opinião formada. Engana-se quem pensa que o povo
não está nem aí para as eleições. Cada vez mais, a informação rápida que chega
ao cidadão por muitos meios, acaba envolvendo até aqueles que não vinham
acompanhando os últimos pleitos. As polêmicas em nível nacional ocuparam tanto
espaço nas mídias, que os eleitores começaram a dar mais atenção à política
partidária. Preferências por partidos, ideologias, interesses pessoais,
religião, informação e contrainformação, tudo rema em favor do envolvimento das
pessoas nas campanhas, diretamente, ou apenas na torcida.
Lixo que não é
lixo – um desafio enorme para as prefeituras - Na semana passada, participei de uma
audiência pública realizada na ACIOC, em Joaçaba, onde nos foi mostrado um
projeto de coleta e destinação do lixo urbano e mesmo do rural. Um projeto bem
feito, com uma boa metodologia e bem apresentado por uma jovem dos quadros do
Município. Algumas pessoas se manifestaram através de perguntas e emissão de opinião
sobre o assunto apresentado, não foi um debate. Claro que cada um fala o que
lhe convém, procura vender o seu peixe.
Na oportunidade,
fiz algumas observações e já alertei que terão a judicialização quando do
trâmite do projeto no Legislativo ou mesmo fora dele. Os critérios usados para
definir os valores das tarifas, embora sejam favoráveis à gestão, são cruéis
aos contribuintes, pois não mudam do que vem sendo praticado hoje. Os cálculos
obedecem critérios de tamanho de área residencial ou do empreendimento. O justo
é que as pessoas paguem sobre o lixo que produzem. Nas contas de luz e de água
são realizados cálculos sobre a quantia de consumo medida. Na questão do lixo
urbano, não se terá uma métrica perfeita, mas o critério de consideração do
número de pessoas que ocupam uma residência seria bem mais justo.
O radialista
Carlos Henrique Roncáglio também apresentou sugestões interessantes, inclusive
que se buscasse informações sobre um consórcio intermunicipal de municípios
mais próximos do litoral catarinense. Seria interessante que se fosse verificar
aquele projeto.
Foi-nos apresentado
um quadro comparativo dos valores médios pagos em outras cidades, mas isso não
pode servir de parâmetro, pois a amostragem foi ínfima e não se teve mostrado o
critério de busca.
Alguns casos
de reutilização do material descartado - Conheço vários projetos de coleta e
destinação do lixo sólido, rejeito e reciclável. Já há 30 anos, em Amparo, SP,
os entulhos de construções e de vidros eram recolhidos por carroças com tração
animal, transportados para um pátio onde eram triturados, resultado num
material britado que podia ser utilizado em pavimentações e até na construção
civil. E centenas de pessoas tinham suas
rendas com esse procedimento. Trabalho cooperativado. Em Curitiba, o projeto
“Lixo que não é Lixo”, inspirou um que implantamos em Ouro no final do milênio
anterior, pelo Prefeito Sérgio Durigon, com coleta seletiva, triagem e venda dos
materiais. Adquiriu uma área de 242 mil metros quadrados, fora do quadro
urbano, onde se implantaram equipamentos com dinheiro obtido junto ao
Ministério do Meio Ambiente, “a fundo perdido”. O projeto não teve continuidade
nas administrações seguintes e a coleta e destinação foi terceirizada.
Participei, há
duas décadas, de eventos na cidade de Marcelino Ramos, onde o prefeito da
cidade de Leipzig, na Alemanha, e um Engenheiro, nos mostraram que, naquela
cidade, o chorume era tratado de forma que resultava numa água tão limpa que,
para ser reintroduzida nos mananciais, precisava ser remineralizada. E que os
detritos orgânicos podiam ser transformados em fertilizantes para utilização em
plantações de mamona, com o fito de produção de biodiesel.
O lixo útil e
as práticas justas - A questão do lixo de nossas cidades precisa ser
encarada de maneira coletiva, pois quantos mais entes são agregados, menos se
gastará por unidade geradora deste. E a coleta e a destinação, pura e
simplesmente com a passagem para uma concessionária que dê conta dele, não
garante que o lixo seja utilizado como elemento de economia, capaz de gerar
energia, trabalho, melhoria do Meio Ambiente. Lixo é riqueza! Não se pode ir
adiante num projeto que não seja
abrangente e sustentável. E, pelo lado das tarifas, uma senhora que faz
compostagem, que até recicla os componentes, que produz mudas de plantas e
distribui gratuitamente, como a professora aposentada Yara Turcatel, não pode
pagar mais do que meia dúzia de pessoas abrigadas numa casa de menos de 100
metros quadrados. Nem uma loja que não produz lixo pague tanto quanto uma que,
embora em instalações diminutas, a cada dia produza centenas de quilos de lixo.
Eu também faço compostagens, cultivo águas hortaliças e faço minha parte.
Tenho certeza de que os moradores de Joaçaba e das outras cidades têm ideias
muito interessantes para contribuir com isso.
Euclides Riquetti -
Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com
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